VARGAS, Lutero Sarmanho

Natural de São Borja (RS), 24 de fevereiro de 1912 - Porto Alegre (RS), 4 de outubro de 1989. Filho primogênito de Getúlio Dornelles Vargas e de Darci Sarmanho Vargas. Seu pai foi presidente da República de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Formado em 1937 pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil. Em 1940 tornou-se cirurgião-chefe do Centro Médico-Pedagógico Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Com a intervenção do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), viajou para a Itália em julho de 1944, integrando o Grupo de Aviação de Caça como tenente-médico. Ao final da guerra regressou ao Brasil e em outubro de 1945, reassumiu suas funções no Centro Médico-Pedagógico Osvaldo Cruz. Ainda em 1945, com a desagregação do Estado Novo (1937-1945), participou da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em outubro de 1950 foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro. Nesse mesmo pleito seu pai foi eleito presidente da República. Nas eleições de 1954, Lutero, assim como o deputado e jornalista Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional, disputava uma vaga na Câmara Federal. Lacerda vinha fazendo acusações contra a família Vargas e contra o governo federal em seu jornal Tribuna da Imprensa. Em 5 de agosto de 1954, teve início uma crise político-militar devido ao atentado desfechado na rua Toneleros contra Lacerda, que resultou na morte do major-aviador Rubens Vaz. As ligações dos assassinos com o governo acirraram a campanha contra Vargas. Lutero foi envolvido no inquérito por Alcino João do Nascimento, que fora contratado por elementos da guarda pessoal do presidente para assassinar Lacerda. Lutero depôs na base aérea do Galeão, abrindo mão de suas imunidades, mas não foi indiciado. A crise culminou no suicídio de Vargas, em 24 de agosto. Em outubro, Lutero reelegeu-se deputado federal. Em fins de 1954, tornou-se presidente do diretório regional carioca do PTB, cargo em que se manteria até 1962. Em 1958 candidatou-se ao Senado, mas não se elegeu. Com a transferência da capital federal para Brasília, elegeu-se, em outubro de 1960, deputado à Assembleia Constituinte do recém-criado estado da Guanabara. Em setembro de 1962, foi nomeado embaixador do Brasil em Honduras. Manteve-se no posto até 16 de abril de 1964, logo após o golpe militar que depôs o presidente João Goulart, sendo então escolhido presidente nacional do PTB. Indiciado no inquérito policial-militar instaurado em setembro de 1964 para apurar as atividades do Partido Comunista Brasileiro (PCB), presidiu a última reunião do diretório nacional do PTB, duas semanas antes da edição do Ato Institucional nº 2 (27/10/1965), que, entre outras medidas, extinguiu os partidos políticos existentes. Nessa época teve seu nome afastado do IPM do PCB. Em 1979, com o início das discussões em torno da reorganização partidária, apoiou sua prima Ivete Vargas no sentido da reconstrução do PTB. Contudo, em 1982, retirou seu apoio devido ao lançamento da candidatura de Sandra Cavalcanti - uma das figuras mais expressivas remanescentes do lacerdismo - ao governo do Rio de Janeiro na legenda petebista, no pleito de novembro daquele ano. Em contrapartida, recomendou o nome de Leonel Brizola, lançado pelo Partido Democrático Trabalhista. Brizola ganhou as eleições, mas Lutero não apoiou seu governo. Casou-se com Ingeborg van Hallf Vargas, com quem teve uma filha. Publicou as obras: Semiologia Radiológica Cárdio-Vascular, Rio de Janeiro, Pongetti Irmãos, 1938. Getúlio Vargas – A Revolução Inacabada, biografia política, 1988, 405p., Bloch Editores, Rio de Janeiro.

FRANCO, Álvaro; RAMOS, Sinhorinha Maria. Panteão Médico Riograndense: síntese cultural e histórica. São Paulo: Ramos e Franco Editores, 1943, p. 576.

Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001

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